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Direcção, organização e redacção
Álvaro Lobato de Faria e Zeferino Silva

Friday, September 19, 2008

Novas exposições


Mestre Figueiredo Sobral
Homenagem
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Quinta-feira dia 16/10/2008
A ver no Cartaz das Artes

uma reportagem sobre a exposição de FIGUEIREDO SOBRAL, intitulada a Pintura e a Escrita. O seu talento e produtividade estende-se por desenhos, gravuras, aguarelas, guaches, colagens, cerâmicas, tapeçarias, murais, esculturas e monumentos. Uma obra que percorre mais de meio século de história da cultura portuguesa contemporânea, para ver até ao final do mês no Mac - Movimento Arte Contemporânea, em Lisboa.




Na verdade, Mestre Figueiredo Sobral é um buscador incessante de materiais e de formas a fim de dar sentido ao seu universo estético como suporte do discurso moderno.
Quer utilizando a sua técnica dos relevos, cultivada desde os anos 60, em massa esculpidas num compromisso entre a pintura e a escultura de inspiração surrealizante ou de um realismo fantástico, ou quer expressando-se nas linhas simples de cores suaves das suas oníricas aguarelas ou materializando o pastel na criação esfíngica da boneca, no seu eterno feminino, ou nas visões cósmicas, Mestre Figueiredo Sobral configura a sua obra de grande qualidade no rigor e procura do surpreendente e do imprevisível.
O mesmo labor e criatividade se projectam na escultura que merece um lugar à parte na sua obra e na história da escultura portuguesa.
Com larga actividade em Portugal e no Brasil e noutros trabalhos monumentais, em lugares públicos espalhados pelo mundo, aplaudido pela melhor crítica, é tempo que Mestre Figueiredo Sobral ganhe o lugar universal que lhe compete.

O Movimento Arte Contemporânea (MAC) é o espaço cultural que neste momento, muito se orgulha em o ter presente, com a sua excelente exposição individual "A Pintura e a Escrita”.

Álvaro Lobato de Faria
Director coordenador do MAC
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A Pintura e a Escrita


«A pintura e a escrita» é o título escolhido para esta exposição de pintura de Figueiredo Sobral, no MAC - Movimento Arte Contemporânea, cumprindo um seu velho sonho de aliar a poesia e os seus escritores de cabeceira à sua arte pictórica e escultórica.
Deste modo, nestes 37 quadros povoam ecos de Eça de Queirós , em figuras representativas de uma sociedade de final do século XIX, onde a paixão, o vício e a ociosidade se entrelaçam em obras como A Relíquia, O Crime do Padre Amaro e Os Maias , cujo peso é bem sentido por aqueles que se intitularam a si próprios «Os Vencidos da Vida».
Mas ainda dessa época , o pintor é fascinado por Camilo , na ironia da Queda dum Anjo e, por essa personagem de Calisto Elói, o político provinciano, que vai deixando cair as suas asas brancas à medida da sua ascensão, tal como diria Almeida Garrett no belo poema , com o mesmo nome, que é aqui pintado a espátula e a escárneo.
É igualmente tocado pelo lado romântico de Camilo, em Amor de Perdição, nesse trio trágico-amoroso de Simão-Teresa-Mariana ou pela poesia de Flores sem Fruto de Garrett ou dos Sonetos de Bocage.
Mas é Antero de Quental , o seu companheiro das noites insones, atormentado entre a fé e a descrença num Deus que sonhou e que é corporizado em quadros como «Ignoto Deo», «Na Mão de Deus», «O Crucificado» e «Mater Dolorosa» ou nesse poema contundente e desesperado de Alberto Lacerda, «Deus é uma blasfémia», que o pintor intitula «Carregando a terrível pedra de Sísifo ….Ehh, humanidade!!».
No sentido crítico, mesmo no âmbito do sagrado, estão as suas preocupações sociais que são desmitificadas através da ironia, plasmada em tinta e pincel e ilustrada com poemas de Alexandre O’Neill ou de Manuel Bandeira. Num libelo contra a guerra erguem-se as vozes do poeta medieval João Zorro, ou de Fiama Hasse Pais Brandão.
O seu próprio lirismo de pintor-poeta é assumido em poemas como «A morte de Manolete» e «Histórias com gritos de sevilhanas», encarnando a História Ibérica e ecos de Guernica. Portugal e os seus mitos, D.Sebastião e Marquês de Pombal, ressurgem nas suas telas e na voz de Camões ou na sageza histórica de Latino Coelho. ´
A dimensão filosófica de Umberto Eco ou de João Rui de Sousa é captada na subtileza do relevo e da subversão da forma e da cor.
Erguem-se, num cântico de amor, D. Quixote e Dulcineia, celebrando o sonho e a aventura dos eternos amantes. A beleza da mulher e a sua nudez visualizam-se na beleza cristalina da poesia de Camilo Pessanha ou de Adalberto Alves. Natália Correia e Florbela Espanca sugerem o mistério do amor, corporizado pelo pintor na sua forma surrealizante e barroca de se exprimir.
E, finalmente, numa homenagem à mulher palestina e ao seu povo, Figueiredo Sobral dá vida ao poema de Mahmoud Darwish, (poeta palestino): «Juro!/ Que hei-de fazer um lenço de pestanas/ onde gravarei poemas aos teus olhos»

É esta a mostra que o Mestre nos tem para oferecer, numa fase difícil da sua vida, em que cada vez mais interioriza a sua visão do mundo, isolando-se para se encontrar a sós com a sua arte, num diálogo que só ele entende, como dádiva miraculosa e perene que os deuses lhe ofertaram.

Elsa Rodrigues dos Santos
Lisboa , 9 de Março de 2005
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O MAC visitado pelos alunos do Colégio Militar
Numa iniciativa de âmbito pedagógico registamos a visita às exposições de Mestre Figueiredo Sobral e de Albino Moura, promovidas pela Professora Ana Tristany e pelos seus alunos .
Todas estas iniciativas são de louvar pois correspondem a um culto de divulgação da cultura e da arte.
Assim,como temos divulgado estamos sempre abertos a iniciativas como esta, que se torna exemplar a nivel pedagógico e cultural.

Álvaro Lobato de Faria com os alunos do Colégio Militar

Prof Ana Tristany com os alunos



Álvaro Lobato de Faria e Joana Paiva Gomes

com os alunos do Colégio Militar
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Albino Moura
A ver, quinta-feira, 23 de Outubro, no Cartaz das Artes TVI:
uma reportagem sobre a exposição de ALBINO MOURA, que está de regresso ao circuito expositivo, desta vez no Movimento Arte Contemporânea, onde apresenta a Invenção Do Olhar. Numa expressão sem tempo nem fronteiras, o artista convida o olhar até 31 de Outubro para as suas memórias e vivências.


"Fuga para o futuro"

Ao longo de 45 anos de carreira, Albino Moura tem vindo a ser um constante pesquisador das suas verdades, mantendo-se, no essencial, fiel a si mesmo, na sua poética lúdica referenciavel nos trajectos da infância pela representação da imagem da ternura e da inocência, em que a representação formal ilude o real, transportando-nos numa viagem lírica através do sonho, no amor simples das coisas e do mundo.
Espectáculo de infâncias revisitadas, simulando vivências em que a metafórica e opulenta “boneca” assume alegoricamente o papel de individuo, como se o mundo das pessoas e das coisas permanecesse imutável e alheio a todos os conflitos…

Nas palavras do artista percorremos o seu mundo: -”Nasci num meio muito pobre e de família humilde. No ambiente em que cresci, não havia nada de Arte, mas, como todas sãs crianças, aprendi a fazer bonecos, nem melhores, nem piores que os dos outros miúdos. Não sei o que me atraiu para a Pintura, só sei que cresci com o sonho de ser pintor, e que ainda hoje continuo a sonhar”. É este o mundo do “querer”, de imagens e memórias que Albino Moura transfigura e nos transmite na sua obra e nesta sua exposição, onde como sempre acontece, há um envolvimento simultaneamente terno e doce nas pinturas que figuram a condição do ser, remetendo-nos contudo para influencias anteriores em que podemos fazer notar uma referencia à obra lírico poética de um Cipriano Dourado que se torna uma evidencia conferindo à obra de Albino Moura uma subtil e lúdica sensualidade e beleza à trivialidade constante e constrangedora de um mundo que nos é dado viver.

Surpreendentes são os seus trabalhos, todos criados em gestos de quem procura regenerar as formas da vida, acrescentando-lhes outros valores estéticos e afectivos, sendo a sua obra um pacto de vida onde o encantamento e o amor coexistem.
As suas telas ecoam no olhar e na memória, dum inconsciente esquecido, mas latente em todos nós, como todos os simulacros com que nos confrontamos na infância através de jogos e simulações por onde perpassa um ante projecto de vidas e anseios, retidos porém no inconsciente individual e/ou colectivo dos “habitats”vários… Na nudez simples da sua poética plástica Albino Moura revela-nos o encanto de um homem simples que se denota numa harmonia total do sentido, dos sentidos assim realizados, como se o ser e o sonho se sobrepusessem num trajecto único do saber estar num mundo conturbado, mantendo-se vertical dentro das utopias possíveis pelas quais temos que lutar, sob pena de a nossa condição de ser pensante se deixar submergir por um “inferno” de realidades de um planeta que se autodestrói por outros imperativos que não dominamos.
Na força de ser ele mesmo e não outro, Albino Moura impõe-se pela autenticidade da sua arte sem fronteiras e sem tempo numa reconstrução constante de realidades e afectos ultra humanos que mantêm aberta uma janela sobre um mundo passível de ser por todos nós desejado.

Álvaro Lobato de Faria

Director coordenador do MAC-Movimento Arte Contemporânea

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As mostras estarão patentes ao público até 31 de Outubro

//de Segunda a Sexta das 13h às 20h

//Sábado,das 15h às 19 h

//Domingo,por marcação tm 962670532

1 comment:

Álvaro Lobato de Faria said...

Agradeço ao José-luis Ferreira o comentário que passo a transcrever:
Meu caro ÁLVARO Lobato Faria,
…tudo farei – apesar das limitações estranguladoras do meu “tempo disponível” - para estar presente, pelo menos, nesse evento (culturalmente tão importante!) que será a homenagem ao José Maria FIGUEIREDO SOBRAL, a quem – para além da sua representatividade exemplar na (ir)realidade do universo riquíssimo das Artes Plásticas Portuguesas - …me liga uma fraterna amizade, consagrada ao longo de 49 anos …e ½ (entre a convivialidade permanente e a distância física, porém de imperecível comunhão mundivivencial) !!!
Peço-lhe que tente passar esta mensagem à Elsa (cujo contacto e-mail da Sociedade de Língua Portuguesa me parece ter “desaparecido”) …
…e receba o meu afectuoso reconhecimento, acrescido do louvor que o seu mérito, particularmente, me merece, pela persistência, decidida e valiosa, com que, infatigavelmente, tem lutado, pela reabilitação das “formas da fala” onde a memória cultural da nossa Portugalidade se afirmam …em nome do tempo, do espaço e, do Amor.
Aceite o abraço amigo do
José-Luis Ferreira